Quando a angústia se instala
A angústia é um veneno letal em expansão por todo o mundo. Apesar de afetar mais indivíduos do sexo feminino acima dos 40 anos, surge em grande desenvolvimento, neste momento, em jovens adultos de ambos os sexos.
Porque é que esse fenómeno acontece numa altura de tanto desenvolvimento e que a vida se torna tão simples e facilitada?
A angústia resulta de um mito enraizado na consciência coletiva da humanidade. A personalidade de vítima, resultante da separação do indivíduo com o universo (Deus), tem sido criada há milénios pelo próprio indivíduo (numa luta pela sobrevivência) muitas vezes com a ajuda de falsas crenças religiosas. “O amar o Deus que habita em ti e ao próximo como a ti mesmo”, pregado pelo nazareno, nunca foi bem assimilado pelas instituições (igrejas) religiosas ou pelos seus pastores. O altruísmo responsável que Jesus pregava, em que criador e criado são um, esteve implícita nos seus ensinamentos – “Eu e o pai somos um”,” Vós também sois deuses”- disse Jesus.
O conceito de separação com “o Todo” ou Deus, como cada um o concebe e entende, é a causa de insegurança geradora de ansiedade e angústia. Nunca a humanidade teve tanto e nunca foi tão infeliz… e isso deve-se intrinsecamente ao conceito de separação ainda alimentado por uma política de competitividade. Apesar de podermos nomear infinitas causas para a angústia ou ansiedade mórbida, todas elas terão um fator comum: a separação do homem do todo, de Deus e do universo. Sem isso não existiria luta pela sobrevivência, sentimento de inutilidade e de não pertença.
O que importa é como sair da angustia, não é explicar como ou porque que ela existe.
Como fazer?
Em primeiro lugar aceita a angústia, não lutes, não rejeites. Assume a responsabilidade do momento aceitando e entregando. Não deixes que a mente vaguei no passado nem no futuro, vem para o momento presente. Sem luta, sem resistência. Sente a angústia a desvanecer.
Se não conseguires sozinho pede ajuda.
Hoje recebi um email de alguém que dizia: “ a minha angústia já tem muitos anos, não pode passar de um dia para o outro”. “Fiz muita coisa errada na vida, estou a sofrer o castigo”.
Esta senhora está convicta da separação do todo e gera a sua própria angústia. Para não voltar a citar Jesus vou responder com os princípios da física moderna. Tudo no universo é feito de átomo. Tudo é átomo, tudo é feito da mesma matéria inteligente. Desde um pensamento com o poderoso poder criador até a um grão de areia. Como podemos verificar não existe separação. Deixemos agora a energia da qual tudo é feito e de tudo ser um e voltemos ao que cria ansiedade e angustia nesta senhora.
A senhora diz “fiz muita coisa errada” será que fez com a intenção de se prejudicar? Se não fez com a intenção de se prejudicar, não tem de se culpar. Se fez com a intenção de prejudicar os outros, só demostra quanto o conceito de separação é tão destrutivo e também não tem que se culpar. Recebeu imediatamente a reação na sua própria vida da ação.
Para refletir:
Se esta senhora não vivesse na ilusão da separação jamais poderia considerar-se vítima seja do que for, e, por conseguinte, querer alternar desempenhando o papel de agressor. Quando expandimos a consciência e saímos da pequenez da separação, entra-se num mundo onde não existe vítima nem agressor e por conseguinte não existe ansiedade, medo ou angústia.
Não importa o lugar onde te encontras. Há sempre uma solução perfeita e criativa e todo o mal se transforma em iluminação.
Se já estás cansado do sofrimento, criado pela separação do todo, não hesites e pede ajuda. Expõe o teu sofrimento. “Tudo que é posto à luz, se torna luz” disse o sábio Paulo.
António Fernandes