Nota: Este artigo não oferece aconselhamento médico, nem recomenda técnicas de tratamento para males físicos, emocionais sem conselho médico, direto ou indireto. O autor pretende apenas oferecer informações de natureza geral, úteis na busca de bem-estar físico, emocional, mental e espiritual. Nem o autor nem os colaboradores são responsáveis pelo uso das informações aqui apresentadas. Os utentes têm à sua disposição orientação gratuita na “Saúde Integral tem a Solução”.
Esta questão é-me posta, todos os dias, várias vezes. Perante esta questão sinto-me frustrado, impotente e angustiado. Porquê? Frustrado porque se o usuário da droga está dependente fisicamente dela, o desmame é perigoso, cruel e muitas vezes fatal. Se não existe dependência da droga, quando se deseja parar a droga para-se sem qualquer problema. O desmame aplicado numa dependência, como a dependência de uma benzodiazepina, leva o organismo a uma exaustão que pode ser fatal, ou levar meses a recuperar ou mesmo nunca recuperar totalmente. Impotente porque só o agente da indústria da doença que receitou o sedante, tem autoridade para o retirar, mesmo que não exista qualquer efeito terapêutico, como é caso destas drogas sedantes. Qualquer sugestão honesta e responsável dada publicamente que vá contra esta “barbárie instituída”, é punido impiedosamente pelo inquisidor do sistema. Angustiado porque a cada dia que passa aumenta o número de pessoas que perdem a vida, em favor da droga.
Este artigo não tem a intenção de denunciar seja o que for, e muito menos incentivar alguém a deixar a droga sem o auxílio do profissional que o sedou. Pelo contrário a intenção é dar uma informação que pode salvar vidas. Antes informar que “curar”, porque depois de um desmame levar um organismo à exaustão, além das prováveis sequelas, a recuperação vai depender da vida que ainda restar no organismo.
Eu vou explicar porque é perigoso ou desumano desmamar uma droga da qual o organismo está dependente.
Quando uma droga tem o poder de se adicionar ao organismo, como é o caso da benzodiazepina, conhecida pelo vulgar calmante, embora haja quem lhe chame ansiolítico… o organismo depois de dependente, vai reclamar a droga durante algum tempo (a esse processo é dado o nome de compulsão física), atingindo o topo dessa compulsão física normalmente às 72 horas após o seu tempo de ação. Após as 72 horas, os resíduos da droga mantêm-se no organismo e a compulsão física é cada vez mais fraca até desaparecer totalmente e o corpo ficar 100% desintoxicado da droga em causa. Este processo é comum a todas as drogas, embora a variação de permanência no organismo seja diferente de droga para droga.
Como curiosidade podemos afirmar que a cocaína permanece 4 dias no organismo; a heroína 6 dias no organismo, o álcool “de um alcoólico”, não de um bebedor social, 12 dias; a benzodiazepina varia dos 12 aos 21 dias ou mais dependendo da família a que ela pertença.
Porque é que o desmame é cruel, desgastante e muitas vezes fatal? Porque o reduzir a droga, vai ativar a compulsão física, que se vai perpetuar por todo o processo, levando o organismo à exaustão através de um desgaste cruel e desumano. Muitos são os casos em organismos mais debilitados em que a recuperação física nunca mais é restabelecida. E neste momento tenho vários casos em mão de pessoas agarrados a cadeiras de rodas há mais de seis meses e não há previsão de restabelecida a sua vida profissional e social.
Antes educar que drogar
Apesar da benzodiazepina ser uma droga extremamente útil, criada para substituir a desumana eletroconvulsoterapia, também conhecida por eletrochoques, e ser usada em caso de crise aguda de surto psicótico, descontrolo etc…, reservada às urgências psiquiátricas, ela acabou fazer parte da higiene diária de biliões de pessoas no mundo.
Como se pode ajudar quem vive em ansiedade ou sofre de insónias? Nada acontece por acaso. Ansiedade é medo sem objeto. O mesmo é dizer que a pessoa tem medo do que não existe. Será que esse facto justifica que a pessoa seja sedada? Em caso de crise aguda sim, em SOS… o que pode causar medo sem razão? Conceitos preconcebidos que já não se encontram atualizados. Insónia – o que leva a uma noite mal dormida? Preocupação? Um episódio desagradável que se está a viver? Demasiado tempo na cama? Seja o que for tem sempre uma solução perfeita e criativa, em vez de sedar deixando de sentir o evento.
Tanto para a ansiedade como para a insónia, as duas portas por onde se entra no mundo legal da toxicodependência, existem soluções infinitas que além de valorizarem e realizarem o individuo, libertam-no justamente das crenças limitantes que impedem que os seus desejos sejam realizados. A maioria das pessoas não sabe nem consegue enxergar que a ansiedade é produzida pelas crenças limitantes que impedem o crescimento.
Apesar de saber que todos fazemos o melhor que sabemos e podemos, é urgente educar em vez de dopar. O mundo precisa de homens e mulheres sóbrios, realizados e felizes, para educar as nossas crianças e prepará-las para um mundo de abundância, paz e amor, não de uma multidão de zumbis dependentes de drogas duras, vagueando pelo mundo sem vida.
Não quero alongar mais este alerta, mas não posso me despedir de vós que me acompanharam até aqui sem primeiro apelar aos profissionais autorizados a receitar estas drogas a avaliar bem os benefícios e prejuízos antes de dopar quem vai de coração aberto e confiantemente a procura de uma solução para sua realidade.
“A vida é impossível sem mudança, quem não pode mudar a mente, não pode mudar nada.”
António Fernandes
Muito esclarecedor ! Cada dia aprendo mais sobre esse assunto . Parabéns Dr António !
Obrigado Luzia somente possuímos o que partilhamos.
bom dia Antonio, tenho 72 anos, uso rivotril 0,5. ha mais de 20 anos.
queria parar,ou pelo menos,nao usar todas as noites. o que me acnselha?
att-Mariza Passos
Prezada Mariza a senhora iniciou o uso desse sedante para não sentir a vida daquela época. Durante estes 20 anos, procurou não sentir a vida usando essa droga. Hoje decide retomar o contacto com a vida é altamente louvável, dou-lhe desde já os parabéns. Antes de deixar esta droga, procure alguém honesto e responsável para a ajudar. Nunca se submeta a um desmame. É a forma mais insana de se libertar dessa droga ou de qualquer outra dependência.
Lembro-lhe também a importância de ter a sua vida de volta; e também que pode contar incondicionalmente com nossa experiencia. Para a ajudar precisamos mais informação. Não há duas pessoas iguais e estamos a tratar de algo muito serio uma vida humana, qualquer informação com os dados que forneceu seria insana.
Desde 2008 venho fazendo uso do Rivotril 2mg, primeiramente com o consentimento do meu ex-marido, clínico -geral. Estava muito deprimida, ansiosa, com insônia e desesperada com a situação que vivia: a nossa separação. Depois, fui conseguindo receitas com outros médicos e fazendo uso esporádico para dormir. Tinha vezes que esperava o final de semana para dormir à vontade. Era o paraíso. Continuei com a medicação. Porém, em fevereiro deste ano resolvi parar, pois sempre achei que podia fazê-lo quando eu quisesse. Foi aí que passei a me sentir mal. Vontade sair correndo pra rua, estando já deitada para dormir. Sentir a respiração, e principalmente parecer que falta o ar…. isso é o pior, sendo que não há nada errado com a minha respiração. Estar quase dormindo e acordar num sobressalto com qualquer barulhinho, medo de ficar ali deitada e medo de sair correndo. Horrível. Acho que é uma crise de pânico. Faz dois dias que parei por completo com a medicação, pois havia feito uso por três dias consecutivos, 1 por noite. Quando me distraio por completo a sensação passa. Há pouco atribuí ao uso desse medicamento. Será que tem relação? A medicação deve ter permanecido no meu organismo todo esse tempo? Obrigada.
Prezada leitora muito obrigado pela confiança. Antes de decidir desintoxicar uma droga dura, É IMPORTANTE, ter consciência do poder dessa droga, e dos processos físicos e mentais que poderão surtir dessa desintoxicação. Quando se trata de uma benzodiazepina, estamos a falar da rainha das drogas duras. Apesar de o uso de uma droga não significar que haja dependência, quando dependência acontece é indispensável recorrer a um terapeuta responsável e experiente. Não basta ser responsável se não tiver experiência de como funciona uma dependência (compulsão e obsessão). Qualquer terapeuta nesta área, sabe que o desmame só é aconselhado se não existir dependência da droga em questão. Caso contrário os resultados podem ser mergulhar no inferno.
Prezada leitora, qualquer sugestão sem conhecer o seu trajeto em relação as tentativas de desintoxicação é só criar mais falsas esperanças e cair provavelmente num novo fracasso. É preciso entender que qualquer tentativa de libertação da droga falhada, cria na droga em questão, mais defesas, criando cada vez maiores dificuldades a desintoxicação. Não basta só saber que a compulsão física, acaba quando a droga sai do organismo. E que a obsessão mental, só termina se “o toxicodependente” mudar o paradigma, através de uma expansão de consciência. É preciso conhecer o trajeto a percorrer para que este inferno se torne num paraíso. Uma pessoa alegre feliz e realizada. Se assim não for a vida torna-se um verdadeiro pesadelo (uma luta constante pela sobrevivência) o vazio existencial.
Como fazer? A primeira coisa a fazer é fazer uma pergunta a si mesma, se quer mesmo largar essa droga e a realização pessoal. Pareceu-me que não, quando diz que tomava ao fim de semana para se alienar da vida. Se estiver cansada dessa vida e quer mesmo sentir (viver) a vida, temos um questionário que respondido com honestidade e responsabilidade, abre-nos uma porta para uma ajuda responsável.
Att
António